quarta-feira, 22 de julho de 2009

Migrante

    Nesse teu rosto encardido
    passaram metros de tempo.
    Passaram metros de estrada
    na aspereza dos teus pés.
Nas imagens dos teus sonhos
ficaram ranchos vazios:
nas rachaduras da pele
a rachadura dos rios.

Nos solavancos do carro
o gesto da noite insone.
No rosto dos companheiros
a certeza de ninguém.
Na terra sempre distante
a terra que tu não tens.

Quem dera que essa viagem
fosse te levando assim,
no desconforto do carro,
que é posse precária, enfim.
Quem dera que essa viagem
jamais te levasse ao fim.


Maria Helena Carneiro Catunda

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